quarta-feira, 18 de março de 2009

Quiméricos - Cecília Veby

Sufocante noite.

Os olhos da alva Quimera
Empapados em café e açoite
Pousam nas falas bacantes,
Barrocas e delirantes,
Buscam um momento de brisa,
Um lampejo de vento,
Um lugar na frisa
No peito de Baco
Que se banha em vinho
E em velas.
Feito um navio desgarrado
Que ouve o mar logo ao lado
Despe-se ela, sem alarido,
Pedaços no taco tecido
Bicho nu e selvagem
Leão-cabra-serpente
Móvel de canto, dormente
Quase que uma folhagem
Acuada dentro do livro
Vermelho, um palmo cortante
Os cachos molhados de Baco
Seguem as pistas da fera
Deitam-se sem medo no fogo
E sussurram, na voz de Dante:
- Vem.
Acalmo-te Quimera.

Jundiaí, 17 de março de 2009.



Um comentário: